A partir do som da caixa e da fabricação de instrumentos, o Mestre Chico, um dos Tesouros Vivos de Juazeiro do Norte, vive e se apresenta com a sua família há décadas na região do Cariri e fora dela. Em um único ano, ele contabiliza inúmeras apresentações.
José Antônio da Silva, conhecido como Mestre Chico, iniciou no ofício aos 18 anos, tocando caixa na Banda Cabaçal do Mestre Zezéba e na Banda Cabaçal do Mestre Martiniano Pereira. Em 1983, fundou sua própria banda: a Banda Cabaçal Santo Antônio, que se mantém viva até os dias atuais. O grupo é formado por ele e, desde a fundação, conta com membros da sua família, que foram sendo incorporados ao longo do tempo, à medida que outros faleciam.
"Eu comecei com a banda porque antes já tocava a domicílio com outras bandas. Já toquei também com vários mestres da cultura e, a partir disso, chamei meus parentes para tocar comigo", relembra. A primeira apresentação do grupo foi em Aratama, distrito do município de Assaré. Na mesma época, ele também produziu seus primeiros instrumentos: a caixa e a zabumba.
Com as tradicionais caixas feitas em madeira, pedaços de corda e couro, Mestre Chico também fabrica e comercializa zabumbas, flautas e outros instrumentos. Atualmente, a Banda Cabaçal Santo Antônio é uma referência na cultura popular do interior cearense.
O som da banda vem da mistura dos pífanos, caixas, pratos e zabumbas. Sua riqueza rítmica é inspirada nas marchas do baião. As apresentações marcam presença em festas populares da região do Cariri, com composições autorais e ritmos tradicionais locais.
"Eu gosto muito do que faço. Se não gostasse, não estaria há tanto tempo nesse ofício", afirma o Mestre Chico. Apesar de ser músico e construtor de instrumentos, ele já trabalhou na roça e em indústrias da cidade antes de se aposentar.
O mestre já participou de eventos culturais em diversos estados do Nordeste, com apresentações alegres e festivas. A banda anima renovações, aniversários, festas de padroeiros, romarias e eventos públicos e privados.
Para Sabino Félix, primo e tocador da banda, "tocar na Banda Cabaçal é uma honra, pois é algo que vem da raiz, da nossa história. Conheci quando tinha quatro anos com meu pai, Zé Félix. Depois, meu irmão Antônio assumiu o posto dele no pife". Atualmente, Sabino toca zabumba e prato há três meses. "Não toco bem, mas dá para levar", brinca.
Além dele, a banda é composta por mais quatro membros, incluindo o próprio Mestre Chico. Ao longo dos anos, ele segue sendo uma das principais referências da cultura popular caririense e um dos principais nomes das bandas cabaçais, preservando a tradição e a formação musical regional.